
Desculpa, mas não encontramos nada.
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Lendo: Migrações: Operação Irini prolongada
Apesar de servir para garantir a «aplicação do embargo ao armamento imposto pela ONU, através da utilização de meios aéreos, de satélite e marítimos», a Operação Irini desenvolve-se no espaço mediterrânico que separa a Líbia de Itália ou Malta – a chamada Rota Central do Mediterrâneo que, apenas em 2022, foi o palco de tentativa de travessia por parte de mais de 100 mil pessoas – e acaba por estar também ao serviço da Frontex, ao partilhar com ela dados de vigilância sobre migrantes.
Por seu lado, a Frontex trabalha de mão dada com a guarda costeira líbia, que tem um registo vergonhoso em termos de respeito pelos direitos humanos mais básicos. A 19 de Janeiro, quando desafiado a comentar a possível cumplicidade da Frontex com pushbacks ilegais por parte das autoridades líbias, Hans Leijtens, o novo director da agência europeia, declinou qualquer tipo de resposta, afirmando aos jornalistas que ainda precisa de se informar devidamente antes de iniciar oficialmente funções, em Março.
A agência fronteiriça europeia opera então em cooperação próxima com a guarda costeira líbia, que, de acordo com um seu antigo tenente, trabalha em conjunto com os traficantes de seres humanos e encaminha pessoas para campos de detenção onde arriscam ser assassinadas, torturadas e violadas. Aliás, o próprio memorando sobre a Operação Irini fala em «preocupação» acerca da «situação» dos refugiados e reconhece o falhanço dos esforços da Operação para melhorar os padrões da guarda costeira líbia.
Andrew Stroehlein, da Human Rights Watch, põe o dedo na ferida: a União Europeia (UE) tem sido essencialmente cúmplice com a tortura e outros abusos na Líbia. Os decisores políticos sabem exactamente o que acontece às pessoas na Líbia, mas continuam a ajudar a enviá-las para lá. É vil.»
A resposta do bloco europeu é mais do mesmo: o memorando afirma que a Irini deve «aumentar a eficácia da vigilância aérea», de forma a «permitir a detecção precoce das partidas dos migrantes». Deve também utilizar o Centro de Satélites da União Europeia (SatCen), sediado em Madrid, para «observar mais rotas terrestres». Ou seja, a Operação Irini, que não tem a busca e o resgate de migrantes em perigo no seu mandato, deve investir em informar sobre a localização de migrantes, se necessário for, em pleno território africano.
O que, por outro lado , está no seu mandato é fazer cumprir o embargo de armas da ONU à Líbia. No entanto, de acordo com o memorando, esse embargo é «constantemente quebrado». A Turquia, esse grande aliado na «gestão e fluxos migratórios», está a inundar a guerra líbia de armas e os seus barcos recusam ser inspeccionados e serpenteiam por entre o cordão da UE, demonstrando a inutilidade da sua Operação.
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