Desculpa, mas não encontramos nada.
Desculpa, mas não encontramos nada.
Lendo: Ouve-se o uivo dos territórios rurais contra o monstro extrativista
Escutem. Parem o que estão a fazer, pousem as vossas ferramentas. Parem tudo. E escutem. Hoje falamos para um planeta inteiro. Juntem-se nos campos, vilas e cidades, e oiçam. Porque hoje falamos nós. E o que temos para vos dizer é importante. Queremos falar-vos das nossas terras, das nossas lutas, das nossas vidas. Somos gente enraizada. Fazemos parte de comunidades e movimentos aliados que defendem territórios ameaçados por projetos de mineração. Enfrentamos o monstro extractivista.
É um monstro antigo, este. Um que cresce a cada dia, o mesmo em todo o lado, sedento do que é nosso. Esfomeado do que é vida. Que olha para os lugares onde nascemos, onde crescemos, onde vivemos, e só vê números, cifrões e valores em bolsa. É um monstro que transforma a Natureza em lucro, e depois em lixo. É um monstro que não dá lugar a outras formas de viver.
Por isso dizemos: atacam mais que as nossas terras. Atacam os nossos costumes, os nossos afetos, a nossa identidade. Tentam despojar-nos dos nossos territórios, para nos despojarem dos nossos valores, dos nossos projetos de futuro, dos nossos sonhos. Não o aceitamos. E por isso lutamos.
Sabemos que enfrentamos gigantes. Que a situação mundial não está do nosso lado. Que a Transição Energética que tanto se apregoa não é possível sem a destruição de redes de vida por todo o lado. Que dá via livre a multinacionais para a exploração desenfreada de territórios, com a cumplicidade de governos e instituições internacionais. Que por ela se atropelam ecossistemas e comunidades inteiras. Em nome do lucro, tentam convencer-nos de que um só caminho nos pode salvar das crises que vivemos. Prometem mudar tudo para que tudo fique igual. Para se manterem os mesmos de sempre no poleiro. Para que nos viremos umas contra as outras.
Mas não nos rendemos. O assédio dos governos e das empresas às comunidades rurais é uma ferida aberta nas nossas democracias. Uma ferida aberta que expõe as contradições do nosso tempo, vista cada vez por mais pessoas. Por isso sabemos que não estamos sozinhas. As comunidades resistentes e os movimentos solidários com as suas lutas multiplicam-se por todo o mundo. E nós também nos sabemos organizar. Por isso, este ano criámos a Rede Global Anti-Extractivista, um grupo internacional de coordenação de movimentos dedicados a esta luta.
Como primeiro passo, hoje, dia 18 de Agosto, organizamos uma rede de ações anti-mineração em vários territórios do mundo. Juntamos as nossas raivas, mas também as nossas forças e sonhos, em defesa dos nossos territórios e da preservação da vida. Juntas, gritamos numa só voz e lembramos às esquecidas. Lembramos que o povo é quem mais ordena. Que o baldio, hoje e sempre, é da sua gente. Que o povo é sereno, mas a foice está amolada.
Fora da bouça, que a bouça é nossa!
Participam na iniciativa:
Unidos em Defesa de Covas do Barroso. Território transmontano. Portugal.
Plataforma Sierra de Gata Viva. Espanha.
Plataforma No a la Mina de Cañaveral. Espanha.
Plataforma ciudadana Rebollar Vivo. Espanha.
Stop mines 03. Echassiére. França.
Coligação francesa para uma luta internacional contra o extrativismo. França.
Coligação “ Mines de Rien”. França.
Cueca de Salinas Grandes y laguna de Guayatayoc. Argentina.
Epitopiagonapanagias. Grécia.
Antamanta. Itália
Coalición of local organisations agaisnt lithium mining in the Balkans. Sérvia.
Kolonierna. Territorio Sampi. Grécia.
Coalitión of people from the Ore Mountaisn. República Checa
Fotos de João Veloso
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