Desculpa, mas não encontramos nada.
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Lendo: Acampamento em Defesa do Barroso: semear resistência
O 4º Acampamento em Defesa do Barroso decorre entre os dias 15 e 19 de Agosto e acabou de lançar o seu Manifesto.
Lembrando que «Covas do Barroso está em luta há 7 anos contra aquele que poderia ser o primeiro projecto de extracção de lítio a céu aberto no continente europeu», o Manifesto do 4º Acampamento em Defesa do Barroso afirma a recusa da região em «tornar-se numa nova “zona de sacrifício” para benefício de uma economia cada vez mais desligada das realidades sociais e ecológicas do planeta».
Denunciando «a opressão e a repressão de governos que querem impor a destruição da região a qualquer custo», o manifesto aponta ainda o dedo à Savannah Resources, que, desde que recebeu a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) favorável, «adoptou uma postura mais agressiva e uma presença mais assídua e intrusiva nas aldeias e na região». Entre outras coisas, a empresa mobilizou «segurança privada de dia e de noite e persegue lideranças comunitárias na justiça e através de comunicados intimidatórios». Um comportamento secundado pelo Estado que, desde Outubro de 2023, destacou «uma patrulha diária da GNR (…) para a aldeia de Covas do Barroso».
Nas palavras do Manifesto, «tudo isto são tentativas descaradas de intimidar, deslegitimar, descredibilizar e criminalizar a resistência. Tudo isto são tentativas de minar este território, tentar impedir a contestação e pressionar as populações a aceitarem um projecto que não querem!» E aproveita para deixar escrita a história da luta dos últimos meses: «Em Novembro, a empresa tentou aceder aos terrenos baldios para fazer mais prospecções. Como a Comunidade dos Baldios e muitos proprietários privados continuaram a negar-lhes acesso, a empresa recorreu à usurpação. Contavam eles que não houvesse em Covas do Barroso gente com espinha dorsal capaz de lhes fazer frente. Mas, graças à união e ao apoio constante de todos os cantos do país e do mundo, a comunidade não desistiu e resistiu. Durante 7 meses, todos os dias, bloqueou o acesso da empresa a terrenos baldios, demonstrando força, união, perseverança e resistência colectivas».
Sabendo que «o Barroso não é uma serra isolada, nem este é um problema isolado que só interessa à sua população», o Manifesto acredita que esta luta pode constituir «um ponto de viragem para um futuro onde nós, as florestas, os animais e os rios sejamos protegidos e valorizados, um futuro onde a água limpa e abundante, a comida saudável e o tempo para viver ajudem a redefinir “riqueza”». Um urgência clara quando enfrentamos a «grande contradição de destruir o planeta para o salvar, convenientemente reduzindo os vastos problemas ecológicos a uma mera contabilização de emissões de gases com efeito de estufa».
O Acampamento não é um fim em si. É «um ponto de encontro, de partilha e de luta. Como as aranhas, tecemos redes. Como as lobas, uivamos. Como as toupeiras, conspiramos. Como os pássaros, voamos em bando. Como os caracóis, caminhamos lentamente. Como seres humanos, sabemos que é imperativo manter ecossistemas funcionais que assegurem a vida — e lutamos por eles, com coragem, amor e alegria».
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