
Desculpa, mas não encontramos nada.
Desculpa, mas não encontramos nada.
Lendo: Holocausto Animal, para Bem da Humanidade
No passado dia 9 de Novembro, era celebrada com entusiasmo a notícia de que a Pfizer e a BioNTech tinham desenvolvido uma vacina contra a Covid-19 com «90 por cento de eficácia». Mais de 40 mil voluntários terão sido testados e os resultados parecem trazer alguma esperança para o bem da humanidade (ocidental). Mas eis que surge o maior inimigo de qualquer desenvolvimento de uma nova vacina contra esse grande flagelo invisível, os visons. Sim, esses animais que parecem tere como único propósito neste mundo antropocêntrico serem esfolados pela indústria da pele para que maioritariamente senhoras endinheiradas se possam pavonear com as suas peles em grandes acontecimentos socioculturais. Pois bem, passemos aos factos.
Ao que parece, nestes animais em cativeiro começou a desenvolver-se uma mutação do coronavírus, que foi, entretanto, detectada em seres humanos. Isto gerou alarme entre os cientistas e pesquisadores, pois essas alterações foram detectadas na glicoproteína spike, que é precisamente a proteína do vírus que entra nas células humanas, acoplando-se ao receptor ACE2, gene através do qual o vírus é transmitido. O alvo principal da investigação médica relacionada com o desenvolvimento da nova vacina é precisamente a proteína spike, por ser, digamos assim, o «cavalo de Tróia» do vírus. A mutação existente na nova estirpe do vírus detectada em visons põe em causa todos os esforços desenvolvidos em prol da nova panaceia da humanidade. Resultado, um holocausto animal. Só na Dinamarca, país ultralouvado pelos seus níveis de desenvolvimento civilizacional, cerca de 17 milhões de visons foram abatidos (eufemismo para assassinados em massa) para evitar a transmissão do vírus em seres humanos. Mutações semelhantes foram descobertas em criações de visons em países como Países Baixos, Espanha, Suécia, Itália e Estados Unidos, crème de la crème dos países do chamado Primeiro Mundo. Mais chacinas se avizinham, para bem da humanidade.
A mutação existente na nova estirpe do vírus detectada em visons põe em causa todos os esforços desenvolvidos em prol da nova panaceia da humanidade. Resultado, um holocausto animal.
Diz-nos o escritor de origem judaica e prémio Nobel da literatura Isaac Bashevis Singer pela boca do personagem Herman Gombiner do seu conto The Letter Writer: «Que sabem eles — todos esses académicos, todos esses filósofos, todos esses governantes do mundo — mais do que tu? Convenceram-se de que o homem, o pior transgressor de todas as espécies, é a cereja no topo do bolo da criação. Todas as outras criaturas foram criadas simplesmente para lhe fornecer comida, peles, para serem atormentadas, exterminadas. Em relação a elas, todas as pessoas são nazis; para os animais é um eterno Treblinka. E ainda assim o homem exige que o céu tenha compaixão». Eu substituiria aqui céu por natureza, e afirmo mesmo que os caminhos da Natureza são deveras insondáveis. Talvez a mutação do vírus nos visons e a sua transmissão aos seres humanos seja a Insurreição do Gueto de Varsóvia destes pequenos animais.
Texto de Pedro Morais
Artigo publicado no JornalMapa, edição #29, Dezembro | Fevereiro 2021.
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