shop-cart

Lendo: Danijoy e Daniel, quatro anos de impunidade.

Danijoy e Daniel, quatro anos de impunidade.

Danijoy e Daniel, quatro anos de impunidade.


Ruth Wilson Gilmore há muito que nos ensinou que o racismo é a produção e a exploração, pelo Estado, da vulnerabilidade diferenciada de um grupo, à morte prematura. Danijoy Pontes, jovem, negro de 23 anos, faleceu há quatro anos, dia 15 de Setembro, sob tutela estatal, no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Na mesma noite, perdemos também Daniel Rodrigues, 37 anos, alguns minutos mais tarde. E Alguns meses depois, Miguel Cesteiro respirou pela última vez em Alcoentre.
Se é verdade que nada se sabe sobre as circunstâncias e as causas das suas mortes – e, não fosse a coragem das suas famílias talvez nem das suas mortes se soubesse –, há demasiado tempo se sabe que nada se sabe, concretamente, sobre o que se passa no EPL, em Tires, no Linhó, em Alcoentre ou em Vale de Judeus. Sabe-se, no entanto, que muitas das pessoas que vivem entre-grades são pobres, muitas negras, muitas ciganas; sabe-se que ali se desumaniza, se maltrata psicológica e fisicamente e que ali se vão criando as condições para que alguém ache que a melhor solução para a sua vida é acabar com ela. Sabe-se que ali se pune, se perde. Sabe-se que ali brotam dores, insuportáveis que se alojam para sempre no peito. E, se há peitos que reiteradamente não aguentam, se é lugar onde ninguém quer estar, então é certo que não deveriam existir. 
Respondam a estas mães, que não estão sós.

Rita.


Written by

Jornal Mapa

Bookmark this article