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Lendo: III Encontro de Ecologia Política

III Encontro de Ecologia Política

III Encontro de Ecologia Política


Nos dias 11, 12, 13 e 19 de Abril decorre, entre Lisboa e Coimbra, o III Encontro de Ecologia Política. Em torno do tema “Comuns”, terão lugar oficinas, instalações artísticas e rodas de conversa, além das típicas comunicações académicas. Na convocatório do evento, pode-se ler: «O capitalismo levou à expropriação, privatização e sobre-exploração de terras, recursos, sistemas de governança e outros bens comuns, gerando dinâmicas de exploração, opressão e exclusão. Hoje, perante o agravamento da crise ecológica, que se sobrepõe a crises de cariz socioeconómico, o poder hegemónico avança com intervenções extrativistas por diferentes territórios, apresentadas como solução para um futuro dito mais sustentável e verde. Em resposta a tais ameaças, as comunidades que neles habitam organizam-se, mobilizam-se, resistem e recriam projetos autónomos e solidários em torno da defesa dos comuns – seja a terra, a água, a energia, os meios de produção, o conhecimento, entre muitos outros – por um futuro mais justo. As lutas em torno dos comuns e as múltiplas formas e práticas de defesa e emergência de ‘velhos’ e ‘novos’ comuns são uma janela aberta para pensar e reimaginar outros futuros possíveis e necessários, pela vida, justiça, dignidade e alegria.»

Em certa medida invertendo o que sucedeu na edição anterior, em que se trouxe à universidade quatro activistas laborais e ambientais para um debate que partia do mote “Lutar contra a injustiça e pela justiça”, este ano procura-se levar o conhecimento académico além os limites universitários e permitir que seja forjado em espaços culturais, em jardins, na rua. Na tarde de 11 de Abril, o Cosmos Campolide acolherá uma oficina sobre o nexus agricultura, energia, turismo; o jogo colaborativo de consciencialização intergeracional sobre as intersecções entre economia e ecologia; a instalação “Sons da metamorfose”, que nos convida a experienciar o Bairro dos Anjos através da lente dos alunos do 4º ano da escola Sampaio Garrido; e a assembleia “Rumo a uma Rede de Ecologia Política”, que tem por objectivo tecer-se alianças, pelos diferentes territórios portugueses, entre investigadores, activistas e outros agentes empenhados em compreender e influenciar as relações entre sociedade, poder e eco-sistemas. Na tarde seguinte é a vez da Casa do Comum, no Bairro Alto, receber uma oficina sobre o entrelaçamento investigação-lutas ecológicas, seguida da instalação «Corpo-Algar», do Comite Efemero Transatlantico, cujo «som, imagens e experiências tácteis e cinéticas convidam a pisar este território devagarinho e “em vez de simplesmente operar na paisagem… a nos confundir com a paisagem” (Ailton Krenak)”»; se o tempo colaborar, terá lugar no Jardim do Príncipe Real a oficina «Arvorar-corpo», o local mais propício para o enraizamento de “pensares-sentires que incorporem o movimento coletivo de defesa dos bens comuns”. No sábado haverá ainda o percurso sonoro “Cada passo, uma constelação”, que convida «a atravessar e ser atravessado,» pelo Vale de Chelas, «palco de uma experiência utópica de desenho de cidade destinada a colmatar problemas habitacionais» que acabou por transformá-la numa «área fracturada em relação ao resto da cidade». Nas manhãs do dia 11 e 12, decorrerão ainda, entre o ISCTE-IUL e o ICS-UL, comunicações sobre crise, trabalho, saúde, floresta, ruralidade, urbanidade, sistemas agro-alimentares, energia, clima, governança, artes, pedagogias populares, conflitos e resistências.

Já em Coimbra, o dia 19 de Abril começa com a oficina “Mapeando os Corpos-Territórios das nossas lutas”, seguida do plenário “Ecologia, Trabalho e Reprodução: entre investigação e política!». À tarde, o Centro de Estudos Sociais é palco de duas instalações – «Frutas Sanas, Cuerpos Quemados» e «Zona a Sacrificar» – e uma ronda de conversa sobre os potenciais e desafios dos «Baldios» para o reforço comunitário e a sustentabilidade. O evento termina na República do Bota Abaixo, com um jantar comunitário, após uma conversa sobre Escolas de Ecologias Feministas de Saberes e a assembleia «Consolidando a Rede de Ecologia Política».

A realização de um evento que promove reflexões, memórias e aspirações em torno dos «Comuns» e dos processos de fazer-em-comum não poderia ser mais oportuno: «Aproximando-se a celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, um período em que a revolta popular das e dos que não tinham voz se fez ouvir e que foi marcado por inúmeros processos e experiências de emancipação social, como a ocupação de fábricas e herdades e iniciativas coletivas de auto-gestão, assim como a conquista de vários direitos sociais e políticos em torno da habitação, da saúde, do trabalho, entre outros, é oportuno refletir sobre quais as ameaças, resistências e emergências que os comuns enfrentam hoje e sobre que inspirações- podem estes patrimónios de luta e as suas heranças trazer às lutas atuais.»

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Website do evento:
https://cria.org.pt/en/comuns


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Jornal Mapa

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