Desculpa, mas não encontramos nada.
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Lendo: Smup adentro: a associação Cultura no Muro
Jornal MAPA – O que é a Cultura no Muro?
Cultura no Muro – A Cultura no Muro é uma associação sem fins lucrativos situada na periferia de Lisboa, na Parede. Insurgente, aberta e inclusiva, a associação Cultura do Muro surge da vontade de dinamizar a oferta cultural e fomentar a consciência social na área da Parede e arredores. Atendendo às necessidades que sentimos ao longo dos tempos, tentamos promover, divulgar e partilhar eventos alternativos de consciencialização cívica e outros canais de expressão individual, cultural e de resistência ao empobrecimento das nossas vidas despoletado pelas políticas actualmente vigentes.
Cremos, acima de tudo, que estes espaços não podem nem devem ser reduzidos a subúrbios silenciosos das áreas de Lisboa e Cascais. Acreditamos na possibilidade de descentralizar e redistribuir a riqueza cultural, multiplicando os focos de oferta cultural e procurando trazer actividades e possibilidades a espaços normalmente ausentes da agenda cultural.
No processo, desejamos activar o potencial da área em termos da criação artística e cultural e em termos do pensamento crítico sobre questões que são urgentes hoje em dia, como a actual crise económica, a sustentabilidade ecológica, a luta contra a discriminação de diversas identidades sociais e a viabilidade de uma vida cívica e cultural suburbana – sendo que não separamos a discussão e construção de valores daquilo que é o trabalho de produção e partilha artística e cultural.
JM – Da vossa experiência, quais os desafios e felicidades de programar na periferia, tão perto do centro de Lisboa?
CM – Os desafios são diversos! A associação Cultura no Muro é um colectivo que depende do trabalho voluntário, com verbas reduzidas, por isso nem sempre conseguimos investir na criação programática como desejaríamos. Desde produção, design, contabilidade, fotografia, comunicação, tudo é executado de forma voluntária. Sentimos a necessidade de recorrer a outros apoios, mas nem sempre estão ao nosso alcance. Temos no entanto em conta o aumento de participantes que nos trazem mais conhecimento e espírito colaborativo. Sentimos que grande parte do nosso objectivo é cumprido, e isso é gratificante!
Procuramos não só trazer as nossas ideias e iniciativas à área, com a programação cultural própria da associação, como assistir quem tenha os seus próprios projectos a trazê-los à fruição, seja na organização de eventos, na divulgação dos mesmos, na partilha de informação, ou outras vertentes em que possamos ser úteis à comunidade.
A interação entre os colectivos é essencial para o questionamento e a inquietação na criação de novos projectos. Para isso, a SMUP é o espaço físico de partilha essencial e onde nos encontramos sediades desde 2011. Junto à estaçao de comboio da Parede, torna-se de fácil acesso.
JM – É através da Cultura no Muro que muitos outros colectivos têm passado pela SMUP e pela Parede. Como entendem a importância de ter de um espaço físico e de poder torná-lo mais «aberto» a diferentes comunidades?
CM – É através da Cultura no Muro que vários colectivos, e não só, conhecem a SMUP. Desde o próprio Jornal MAPA, as Jornadas Anti-Carcerárias, o Centro de Cultura Libertária, a Plataforma Antifascista, o Movimento Minas Não, o GoSA – Grupo de Saúde Antiautoritária, o INMUNE – Instituto da Mulher Negra, as Mulheres Negras Escurecidas, o Take It, entre tantos outros… Estes colectivos chegaram até nós inseridos em eventos como o QueerFest, FestivalEco, Ciclo Sem Fim – Feminismo interseccional, Festival Feminista de Lisboa, Festa Cigana, Mercado Maroto… Enfim, são 11 anos de trabalho e muita troca, seria difícil enumerar todos.
Em tempos conseguimos dispor de actividades regulares mensais, como os Jogos de Tabuleiro, as Sessões no Muro (cinema), o Clube de Leitura, o Clube de Pequenos Pensadores (filosofia para crianças) e a Feira Lady Vintage (feira de roupa em segunda mão). Acreditamos que um dia vamos conseguir voltar a programar com a mesma regularidade. Fomos vencedores do projecto do Orçamento Participativo em 2011 e o investimento foi totalmente executado na SMUP. Trabalhamos até hoje voluntariamente para que seja um espaço seguro e acessível a todas as pessoas, com o objectivo de construir uma comunidade mais próxima às necessidades de todes.
Artigo publicado no JornalMapa, edição #36, Dezembro 2022|Fevereiro 2023.
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