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Lendo: Mapeando software livre com o coletivos.org

Mapeando software livre com o coletivos.org

Mapeando software livre com o coletivos.org


Alguém precisa da funcionalidade X? O movimento de software livre, aqui e no resto do mundo, tem várias alternativas aos gigantes tecnológicos. Guarda-as na barra de marcadores (do Firefox!) para estarem à mão.

O que é o coletivos.org e o que fazem?

O coletivos.org apoia coletivos a auto-organizar-se na Internet, utilizando ferramentas de software livre, alojadas em servidores mantidos por nós. Tendemos a apoiar projetos com que temos afinidade, estabelecendo redes de solidariedade. Para coletivos, oferecemos o Nextcloud, onde é possível partilhar ficheiros, criar calendários, formulários, notas, gerir passwords e finanças. Também temos e-mail, um fórum privado (Discourse) e espaço de alojamento para websites. Também alojamos a rede social Mastodon, o Peertube (upload de vídeos) e Pads para edição colaborativa de texto online.

O vosso trabalho começou pela organização de oficinas. É urgente combater o software proprietário?


É verdade que começámos o coletivos.org depois da organização de uma oficina semanal de computadores, em Lisboa, onde muita gente instalou linux (software livre), além de reparar o seu computador. A nossa dependência do software e hardware proprietário (especialmente dos serviços cloud, propriedade de meia dúzia de empresas gigantes e poderosas) controla a nossa vida de uma maneira nunca antes conseguida pelo capitalismo. Por exemplo, quando crias uma conta num website proprietário, estás preso para sempre a esse serviço. Tens que adaptar a tua criatividade e forma de fazer as coisas às ferramentas, enquanto que no movimento de software livre conseguimos adaptar as ferramentas às nossas necessidades. Alguém precisa da funcionalidade X? Alguém no outro lado do mundo acaba por implementá-la. Nos serviços cloud não podes simplesmente mudar de serviço, eles têm os teus contatos, as tuas fotografias, as tuas memórias. Por outro lado, projetos políticos radicais são constantemente bloqueados destas plataformas (Crimethinc, It’s Going Down, páginas de ação direta anti-racista, páginas de apoio à Palestina…). A comunicação digital pode trazer coisas incríveis e utópicas através da conexão entre humanos, partilha de informação, empoderamento de pessoas marginalizadas, organização à distância, mas nas nossas mãos – não nas dos que propagam e beneficiam do status quo.

Por um lado somos forçados a usar a Google ou a Microsoft em contextos escolares e de trabalho, por outro há a ideia de que as alternativas livres não são «user-friendly». Mito ou realidade?


A Google ou a Microsoft gostam muito de entrar nos contextos escolares e de trabalho para nos tornarem dependentes das suas tecnologias, adaptando-nos a elas desde pequenos. Há alguma verdade na ideia (já um pouco antiquada) de que as alternativas não são sempre «user-friendly» – o movimento de software livre não tem os mesmos recursos das grandes corporações. Mas durante anos, através do apoio mútuo e da partilha de conhecimento, tem evoluído muito e já consegue ultrapassar em muitos contextos o software proprietário.

Para cada ferramenta proprietária existem múltiplas alternativas livres. Aprender sobre elas e partilhar esse conhecimento nos nossos contextos e lutas é indispensável para cultivar uma cultura de segurança e autonomia.

Quais os primeiros passos para cultivar autonomia digital? Há iniciativas inspiradoras que possamos seguir?

Gostávamos de responder a esta pergunta com uma frase da declaração de independência do cyberespaço, de 1996: «Nós não temos nenhum governo eleito, nem queremos um (…). O cyberespaço não está dentro das vossas fronteiras. Não pensem que o podem construir, como uma empreitada pública. Não podem. É um ato da natureza, que cresce por si próprio através das nossas ações coletivas». A internet sempre foi um meio de autonomia digital, de liberdade e descentralização, ideia que tem sido atacada constantemente por estados e corporações de forma a tentarem governar, censurar e aumentar os seus lucros. Apesar disso, ainda podemos ter uma internet descentralizada num sistema livre e que nos empodera. Urgimos a coletivos (e indivíduos) que busquem essa autonomia, que mudem, mesmo que gradualmente, as suas formas de comunicação, organização, produção e armazenamento de dados para software livre. Para cada ferramenta proprietária existem múltiplas alternativas livres. Aprender sobre elas e partilhar esse conhecimento nos nossos contextos e lutas é indispensável para cultivar uma cultura de segurança e autonomia. Há muitas iniciativas apoiadas nesta ideia: a Wikipedia, archive.org, Openstreetmaps, Free Software Foundation, Chaos Computer Club… Existem também projetos afins ao nosso, como o disroot.org da Holanda, riseup.net dos E.U.A., framasoft de França, system.li da Alemanha, immerda.ch da Suíça, austiciti da Itália, etc.

Que softwares livres recomendam para reforçarmos a nossa caixa de ferramentas anti-proprietária?

Para eliminar a Google na maior parte dos dispositivos android podemos utilizar o LineageOS. Para explorar mapas recomendamos o OsmAnd, que deve ser instalado através do F-Droid – um repositório de aplicações de software livre. Para ver vídeos no Youtube sem anúncios e sem ser rastreado, há o NewPipe. Para chat há muitas soluções, mas nós recomendamos o Conversations (XMPP) e o Element (Matrix), que correm ambos em código livre e fornecem encriptação. No computador, o Linux Mint é um bom sistema operativo para iniciantes (e não só). Para navegar na internet, há o Firefox, ou o Tor para navegar de forma anónima. Podem encontrar mais sugestões em: https://prism-break.org/en/.


Written by

Sandra Faustino

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