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Lendo: «A Dominação e a Arte da Resistência. Discursos Ocultos»

«A Dominação e a Arte da Resistência. Discursos Ocultos»

«A Dominação e a Arte da Resistência. Discursos Ocultos»


Tradução: Pedro Serras Pereira. Apresentação: Fátima de Sá. Letra Livre, Lisboa, 2013

Tradução: Pedro Serras Pereira. Apresentação: Fátima de Sá. Letra Livre, Lisboa, 2013

Editado pela primeira vez em Portugal, James C. Scott é autor de uma extensa obra que tem como principal foco das suas investigações, o estudo dos povos subordinados, e as diferentes formas de resistência à dominação, com especial incidência no mundo rural. O seu trabalho abrange diversas áreas do conhecimento: economia política, sociedades agrárias, politicas camponesas, relações de classe e anarquismo. Ao longo dos 50 anos de carreira académica publicou, entre outras, as seguintes obras: Weapons of the Weak: Everyday Forms of Peasant Resistance (1985), Seeing Like a State: How Certain Schemes to Improve the Human Condition Have Failed (1998), The Art of Not Being Governed: An Anarchist History of Upland Southeast Asia (2009), Two Cheers for Anarchism: Six Easy Pieces on Autonomy, Dignity, and Meaningful Work and Play (2012).

Neste livro, originalmente publicado em 1990, James Scott elabora uma tese sobre as formas de resistência dos grupos sujeitos à dominação social, a partir de um discurso escondido, contraposto ao seu discurso público. A partir da análise de exemplos históricos de domínio extremo, o autor questiona as teses clássicas, segundo as quais o discurso, os valores e as crenças que suportam tais formas de dominação, seriam largamente partilhadas pelos dominados, sendo necessário estes serem previamente libertados desse mundo social, para depois se tornarem conscientes da sua condição. Contrariamente a estas perspectivas, o autor vê na aparente aceitação dos subordinados, estratégias de sobrevivência e formas de simulação que se destinam a ocultar a sua revolta e a sua resistência. Este teatro em que se encena a partilha e a submissão das regras e normas das elites dominantes, deve ser visto como uma forma de salvaguarda e protecção dos dominados. Ao mesmo tempo várias acções de contestação vão assumindo outros disfarces, desde o murmúrio, o rumor, à ameaça anónima, ao incêndio de searas do senhor ou do patrão, ou à sabotagem de máquinas. O autor enuncia ainda as «formas elaboradas de disfarce» presentes na cultura popular, como muitos contos da cultura oral ou os rituais de inversão como o Carnaval.

James Scott é membro da academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos. Além de professor de Antropologia e Ciência Politica na Universidade de Yale, onde fundou o Programa de Estudos Agrários, dedica-se também à agricultura.


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Júlio Silvestre

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